Reportagem do G1 revela números expressivos e mudanças na NR-1, norma que traz diretrizes de saúde no ambiente do trabalho. Presidente do CRP-24 aponta alguns fatores que impactam os trabalhadores.

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Dados obtidos com exclusividade pelo Portal de Notícias G1 revelam que mais de 2 mil trabalhadores, em Rondônia e no Acre, foram afastados de seus postos de trabalho por problemas relacionados à saúde mental em 2024. No Brasil, foram registrados mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais e segundo o portal, os dados, obtidos junto ao Ministério da Previdência Social, revelam que esse é o maior número desde 2014.
Para a presidente do Conselho Regional de Psicologia da 24ª Região Rondônia e Acre (CRP-24 RO/AC), especialista em saúde mental e atuante na temática da saúde mental do servidor público de Rondônia, Val Marques (CRP-24/450), diversos fatores contribuem para que a(o) trabalhadora(o) seja impactada e precise ser afastada de seu local de trabalho.
“Diversos fatores contribuem para que a(o) trabalhadora(o) seja impactada(o) e precise ser afastada(o), como a situação do mercado de trabalho, com menor nível de estabilidade, carga horária, além da redução das equipes. A sociedade costuma negligenciar o adoecimento mental, contabilizando só o indivíduo e é preciso estar atento e ter esse olhar de que o indivíduo, que sofre e precisa de acolhimento, não pode ser ignorado”, disse.
Confira os dados dos trabalhadores que foram afastados por saúde mental em 2024:
Rondônia
- Afastamento por saúde mental: 1.540
- Por ansiedade: 417
- Por depressão: 342
Acre
- Afastamento por saúde mental: 519
- Por ansiedade: 164
- Por depressão: 124
De acordo com o G1, para que o tema passe a ser mais fiscalizado nas empresas, o Ministério do Trabalho anunciou uma atualização da NR-1, norma que traz as diretrizes de saúde no ambiente do trabalho.
Com as atualizações, o Ministério do Trabalho passa a fiscalizar os riscos psicossociais no processo de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), o que pode, inclusive, acarretar em multa para as empresas.
Em novembro de 2024, o CRP-24 se uniu à luta pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho para os trabalhadores. Para Val Marques, essa é uma pauta que não pode passar despercebida pelo Conselho Regional de Psicologia.
“É inadmissível aceitar a ideia da escala 6×1, entendendo que isso gera impacto negativo nos indivíduos, sendo que a jornada de trabalho mais curta pode influenciar positivamente na melhoria da saúde mental e na produtividade, já que profissionais descansados produzem mais e melhor”.
O CRP-24 também apoia a luta pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais para a categoria da Psicologia. Essa proposta é um marco na busca por melhores condições de trabalho e mais tempo para cuidarmos de nós mesmos e dos nossos pacientes.